A construção e definição da metodologia de cálculo para etiquetagem energética teve a sua origem no Projeto “Rótulo voluntário para certificação de eficiência energética de materiais e soluções construtivas (CEEMSC)” desenvolvido pelo:
Financiado pelo QREN, através do COMPETE - Programa Operacional Factores de Competitividade, no âmbito do Sistema de Apoio a Acções Colectivas (SIAC), com investimento proveniente do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER).
A metodologia foi definida tendo em conta a realidade portuguesa e garantiu o rigor técnico e cientifico necessário para a comparação adequada de janelas.
A metodologia adotada para o sistema de etiquetagem energética foi desenvolvida pelo ITeCons e encontra-se em conformidade com a norma ISO 18292.
O método de cálculo assenta nas seguintes etapas:
- Etapa 1 - Dados Climáticos
- Preparação de dados climáticos tendo em consideração as zonas climáticas existentes em Portugal. Foi criado um ficheiro representativo das seis zonas climáticas;
- Etapa 2 - Definição da Referência
- Definição do edifício de referência de acordo com o preconizado na norma ISO 13791 e EN 15265, que estabelecem critérios gerais e processos de validação de desempenho energético de edifícios;
- Etapa 3 - Dados técnicos da janela
- Identificação das propriedades térmicas da janela: as propriedades consideradas são a classe de permeabilidade ao ar, o coeficiente de transmissão térmica da janela e o fator solar do envidraçado. Estes parâmetros técnicos são já de caracterização obrigatória no processo de marcação CE pelo que acresce qualquer custo à realização de ensaios técnicos adicionais;
- Etapa 4 - Cálculo do desempenho energético
- A metodologia de cálculo proposta respeita a norma ISO 13790 a qual estabelece os métodos para avaliação do consumo anual de energia para a aquecimento e arrefecimento dos edifícios. Optou-se por um modelo de simulação dinâmica que foi aplicado a toda a gama de produtos existentes no mercado nacional.
Nas simulações estabeleceu-se como temperatura operativa interior 18ºC e 25ºC para as estações de aquecimento e arrefecimento respetivamente. As necessidades de energia para arrefecimento são relativas ao mês de Julho e as de aquecimento ao mês de janeiro.
O resultado das simulações contempla uma distribuição de área de ganhos pelas principais orientações representativas da realidade portuguesa. Foi considerada a existência de proteção solar, cujas características são as indicadas na norma ISO 18292, assumindo-se ativa somente na estação de arrefecimento.
No sentido de comprovar os diferentes comportamentos energéticos que as janelas podem desempenhar quando integradas num edifício, foram selecionadas, a título de exemplo, cinco janelas. As janelas tipo 1 e 2 representam janelas de vidro simples com caixilharia sem corte térmico, características dos edifícios antigos do parque habitacional português. Os restantes tipos de janelas 3, 4 e 5 possuem vidro duplo e caixilharia com desempenho energético superior (alumínio com corte térmico, madeira, PVC ou fibra de vidro), utilizadas atualmente em construções novas e reabilitações.
Na tabela I estão presentes os parâmetros técnicos das janelas selecionadas, enquanto os consumos de energia para climatização, bem como a respetiva classe energética, estão presentes na tabela II.
Tabela I - Parâmetros técnicos das janelas selecionadas
Janela |
Coeficiente de Transmissão Térmica Uw[W/m2.ºC] |
Fator Solar g |
Permeabilidade ao Ar |
Tipo 1 |
5,1 |
0,85 |
Classe 1 |
Tipo 2 |
4,1 |
0,85 |
Classe 1 |
Tipo 3 |
2,6 |
0,80 |
Classe 3 |
Tipo 4 |
2,2 |
0,42 |
Classe 3 |
Tipo 5 |
2,1 |
0,62 |
Classe 4 |
Observando a tabela II é possível verificar que substituição de janelas tipo 1 (classe F) por janelas mais eficientes do tipo 5 (classe A) reduz o consumo de energia do mês de aquecimento em cerca de 78%, provocando um aumento do consumo no mês de arrefecimento de apenas 9%. Note-se que, embora possuam a mesma classe energética, as janelas tipo 3 e 4 apresentam consumos de energia bastante diferenciados em cada uma das estações. A janela 3, devido ao seu fator solar mais elevado, promove mais eficazmente os ganhos solares, privilegiando, assim, a redução de consumos na estação de aquecimento. As características da janela 4 possibilitam um menor consumo de energia para arrefecimento, contrapondo com um maior consumo na estação de aquecimento.
Tabela II - Desempenho energético e respetiva classe energética das janelas
Janela |
Consumo de Aquecimento [kWh/(m2.mês)] |
Consumo de Arrefecimento [kWh/(m2.mês)] |
Classe Energética |
Tipo 1 |
25,6 |
10,6 |
F |
Tipo 2 |
21,5 |
10,7 |
E |
Tipo 3 |
5,9 |
13,2 |
B |
Tipo 4 |
11,4 |
8,8 |
B |
Tipo 5 |
5,7 |
11,6 |
A |
A localização do edifício, bem como a sua orientação, devem ser fatores determinantes na seleção de uma janela. Embora a classe energética seja um indicador do desempenho da janela, o utilizador/projetista deve procurar enquadrar as características técnicas da janela com as características do edifício, tais como a sua localização, orientação ou utilização.